domingo, 14 de março de 2010

Capitulo Terceiro

“(...) mas quando percebi que a tristeza tomava total controle sob minha alma, um sentimento muito forte começou a rasgar em pequenos pedaços invisíveis o sentimento anterior (...)”



     - Ops – sussurrei baixinho – Ah! Desculpe, acho que errei de quarto. Desculpe-me.
     - Não, que isso – riu a mãe -, tudo bem! Já estamos indo embora.
     - Desculpe – repeti virando-me – Tchau!
     - Tchau – respondeu-me a mãe.
     Dei um sorriso simpático e me virei andando rápido, para o quanto da minha irmã.
Entrei correndo, fechei a porta e sentei na cadeirinha onde meu casaco estava,
     - O que houve? – falou Nicoli curiosa.
     - Ai que vergonha! – eu ri baixinho tristonha – Digamos que eu conheci a sogra e a cunhada.
     Nicole gargalhou.
     - Mas... – interrompi seu riso. – Ela disse que estava indo embora!
     - Isso é mal! Mas você pegou o telefone dele... Obvio né!
     - Ops! – tampei o rosto com as mãos. Não ousei tira-las.
     - Ai Mich! Não acredito que você não pegou o telefone dele! – Sua voz era de decepção.
     - Mas ele também não pediu para mim e... eu nem me lembrei!
     - Mich você devia ter pedido sua burra!
     - Ah! Agora já foi. Ele disse para mim que viria amanha – bom na verdade não foi bem isso que ele disse... mas tenho esperanças! – Então, amanhã eu venho aqui e o verei!
     - Bom, então vamos torcer!
     Alguma coisa vibrou fazendo um pequeno barulho tremulo na cadeira. Coloquei minha mãe no bolso e peguei meu celular.
     - Oi tia.
     - Mich eu estou indo para ai tudo bem?
     - Sim, claro tia. Mas porque me perguntou isto?
     - É que seu pai acabou de me ligar pedindo para que eu fique ai.
     - A sim, tudo bem, e eu vou dormir aonde? Na sua casa com o tio Natanael?
     - Sim.
     - Tá, então pode vir sim tia.
     - Já estou indo meu amor!
     - Quem era? – me perguntou Nicoli enquanto desligava meu celular
     - Titia. Ela falo que vai dormir hoje aqui. E eu vou dormir com o tio Natanael lá na casa dela.
     - Ah... tudo bem!
     Levantei-me e fui ao banheiro, olhei meu reflexo. Puxei a grande franja lisa de meu cabelo preto para traz e pude ver que em baixo dos meus olhos suavemente verdes haviam um traço circular arroxeado. É, essa noite realmente foi cansativa!
     - Niiii! – Gritei.
     - Fala!
     - Você está com a sua base?
     - Sim. Está na minha bolsa. Em cima da mesinha.
     - Tá, vou pegar um minuto.
     - Tudo bem!
     Fui para o quarto e peguei a bolsa dela enquanto voltava para o banheiro. Abri-a e peguei a base. Passei em minhas olheiras até que sumissem.
     - Obrigada Nick.
     - De nada, passa o controle maninha!
     - Claro, claro.
     Ao passar o controle, rapidamente Nick colocou em uma novela, então resolvi deitar no pequeno sofá – sabendo que ia dormir...

     - Sobrinha acorde!
     - Mich, você está ai?
     - Não, por favor deixe recado, tu... tu... tu – brinquei sonolenta.
     - Acho que ela não vai levantar.
     - Pode crer que não vou tio – sorri.
     Ainda pude ouvir algumas risadinhas e algo me levantando antes de voltar a dormir.

    - Hãã? – sussurrei para meu celular que tocava me acordando. Que droga! – sentei-me devagar de olho fechados ainda, e me estiquei para atente-lo.
     - Alô? – uma voz gentil que falava.
     - Oi, quem é? – perguntei sonolenta
     - Mich... é a Emma!
     - Ah! Oi, tudo bom com você?
     - Sim, estou ótima... E então, você sabe que horas são?
     - Bom, falando a verdade... – bocejei – Eu acabei de acordar.
     Emma riu.
     - Não, tinha percebido – brincou ela. – Mich são uma e meia! Porque faltou no colégio? E porque não atente na sua casa?
     Demorei um pouco para responder.
     - Ai amiga, eu preferia falar com você ao vivo hoje para explicar... – minha voz estava triste.
     - O que houve...? Ah ta... claro, tudo bem então, que tal as sete e meia no Old Spaghetti Factory ?
     - Claro... claro! Leve Julia e Lucas também!
     - Qual o namorado da sua irmã?  – perguntou ela desconfiada.
     - Sim, depois explico...
     - O.k... tudo bem. Beijos.
     - Beijos.
     Desliguei o telefone, me joguei na cama abrindo os olhos, a minha frente vi uma escrivaninha. Levantei-me lentamente e me sentei na cadeira fiz de meus braços um travesseiro e apoiei minha cabeça cansada, contei até cem – bom... quase até cem.– Relaxei.
     Levantei-me com cuidado e fui até o banheiro, tirei minha roupa e tomei um banho bem demorado. Fui até a cozinha e fiz um pão na chapa para mim, sentei-me na bancada e comecei a comer.
     - Oi meu amor.
     - Oi tio! Tudo bem?
     - Sim estou bem.
     - Bom, deixe-me perguntar... minha amiga me acordou hoje, e ela queria sair comigo umas sete horas, tudo bem?
     - Claro tudo bem, aonde vocês vão?
     - Para o Old Spaghetti Factory
     - Claro sem problemas eu levo você tudo bem?
     - Tudo bem, a mãe da Emma me traz de volta.
     - Ok!
     Fui até meu quarto e decidir ler, peguei meu livro e recomecei a leitura, em uma hora finalmente, acabara então como nada havia para fazer comecei o livro “Lua Nova” mais duas horas e meia se passou quando eu parei um minuto de ler, já chegara ao meio do capitulo quatro e algumas lagrimas caíram de meus olhos; “trim trim” era meu celular que tocava dando-me um susto, atendi as pressas.
     - Oiiiiiiie – uma voz alegremente cantarolante falava.
     - Oi, Ju é você?
     - Sinheee – agora sua voz mudara de alegre para a apaixonada.
     - O QUE ACONTECEU? – quase gritava ao telefone.
     - É que assim... sabe o Beijamim?
     - O moreninho do primeiro colegial?
     - Exatamente! Então, ele me chamou hoje para sair...
     - Não acredito! E você?
     - Ah!, eu disse que eu ia pensa porque talvez tivesse que sai com umas amigas...
     - Você é boba? – eu ri – Sai com ele!
     Ela se demorou um pouco na risada e depois falou:
     - Ok! Tudo bem então, mas... eu quero saber o motivo da reunião de hoje! O que houve de tão serio que até o namorado de sua irmã tem que estar no meio?
     - É que... Ju eu preferia falar amanha no colégio para você tudo bem?
     - Não, claro... Claro – respondeu ela desanimada.
     - Então, faremos assim! Hoje você sai com o moreninho e amanha você me conta tudo... TUDO – repeti -, ai eu te conto os problemas...
     - Tudo bem... vejo pela sua voz que  não é coisa boa, então, vê se melhora, me liga se tive mal!
     - Ligarei – com certeza ligarei, pensei. – Beijos boa sorte lá com o Ben!
     - Obrigada, beijos!
     Olhei no relógio por hábito e vi que já eram cinco horas, então fui tomar outro banho e começar a me arrumar. Fiz questão de demorar no mínimo quarenta e cinco minutos para tomar meu banho – foi exatamente isso que eu demorei. – Lavei meu cabelo – e talvez até meu cérebro, de tanto que eu esfreguei minha cabeça -, sequei-o também, demorei uns quinze minutos para escolher mina roupa e apenas passei um lápis em meu olho.
     - Tio! – Gritei.
     - Fala Mich!
     - Você pode me levar agora?
     - Claro!
     - Tudo bem então, vou mandar uma mensagem para Emma para avisá-la. Quanto tempo daqui para lá?
     - Uns quinze minutos.
     - Tudo bem. – Enquanto mandava a mensagem fui terminando de me arrumar, pegando as ultimas coisas as jogando em minha bolsa.
     Descemos para o primeiro subsolo e a uns 3 metros um Corolla SE-G prata acendeu as luzas dos faróis.
     - Pode entrar querida – disse-me Natanael enquanto andávamos.
    Entrei devagar fechando a porta lentamente enquanto ligava o radio na freqüência FM. Uma musica começou não reconheci, então olhei para meu tio fazendo cara de ponto de interrogação, ele se virou e ao ver meu rosto, sorriu e me disse:
     - Joss Stone. Não conhece?
     - Não... mas lembro-me vagamente de já algum dia ter ouvido esse nome. Qual o nome da musica?
     Ele demorou um tempo quase longo para responder e por fim.
- Less Is More. Acho que é essa.
Mais um tempo silencioso se passou e a musica mudou depois de uns quatro minutos.
- Gostei. Me lembra depois para eu baixar essa musica?
- Claro – respondeu-me rindo de leve.
Sorri como resposta, e depois o silencio tomou conta de nos, a única voz que interrompia era de Joss Stone e do locutor que interrompia suas musicas de vez em quando. Apoiada na janela do Corolla votava a sonhar acordada. Sonhava primeiro com minha mãe, mas quando percebi que a tristeza tomava total controle sob minha alma, um sentimento muito forte começou a rasgar em pequenos pedaços invisíveis o sentimento anterior...
     - Mich queria, chegamos. Ligue para sua amiga para avisá-la.
     - Sim – falei já como celular na mão, não demorou muito para Emma atender. – Oi Emma, já cheguei cadê você?
     - Estou aqui dentro com Lucas.
     - Ok. Estou entrando. – desliguei o celular e me despedi de Natanael enquanto saia do carro.
     Fui até a porta do restaurante. Lá um homem bem bonito de cabelo curto chamou-me.
     - Você deve ser a Mich?
     - Sim – disse eu assustada. – Como você sabe meu nome? – perguntei levantando a sobrancelha.
     O homem riu e sorrio apontando-me uma mesa. Olhei por sobre ombro dele e avistei um casal, primeiro Lucas, alto moreno com uma bermuda xadrez e uma blusa combinando, depois vi Emma, mais ou menos minha altura, muito loira e olhos azuis fortes como uma piscina de ladrilhos azuis cheias gel transparente refletindo o céu sem nuvens – tenho inveja desses olhos. Sorri para o homem.
     - Oi gente – disse, me sentando entre eles.
     - Oi! – Lucas obviamente foi o primeiro a responder. – Desculpe a ansiedade, mas é que deve ser uma coisa muito urgente para me convidar... – e o primeiro a querer saber do assunto da reunião apressada – O que é Mich? Algo com a Ni...?
     - Oi Mich – falou Emma o interrompendo – tudo bem? – Enquanto disse isso Emma o olhou com um ar de superioridade.
     Eu ri.
     - Calma gente! – Sinceramente eles nunca se deram bem. Não sei como eles se aturaram até eu chegar... Ri com a idéia. – Então vou explicar o que houve, mas antes vamos pedir a comida para evitar que Lucas saia correndo. – Sorri ao dizer isso.
     - Sinceramente, não estou gostando disso!
     - Garçom, por favor, traga os cardápios? Obrigada.
     - Nossa Emma!
     - Que foi?
     - Se achando a melhor, que coisa de menininha infantil!
     Nos se entre olhamos com cara de duvida, mas achamos melhor deixar que Lucas se afogue em suas melancolias sem sentido.
     - Aqui está. – Era o mesmo moço que falará comigo ao entrar. – O que querem beber?
     - Bom... para mim uma limonada.
     - E para nós duas uma limonada também.
     - Tudo bem, quando trouxer as bebidas já vão querer pedir?
     - Sim claro – eu disse e então ele se foi.
     Então pegamos nossos cardápios cobrindo nossos rostos com ele. Como já sabia o que ia pedir - Salada Caesar – fiquei apenas pensando em como dizer a eles, principalmente a Lucas sobre o acidente. Alguns minutos se passaram e eles abaixaram os cardápios, mais alguns minutos em silencio e, finalmente o garçom chegou com uma grande bandeja, pegou as três bebidas que em cima dela estavam e as colocou em nossa mesa.
     - Então, posso anotar os pedidos?
     - Sim pode. O meu é uma Salada Caesar, por favor.
     - O meu é espaguete com molho de carne rica – respondeu-lhe Lucas
     - Espaguete com molho de cogumelos, por favor.
     - Ok. Então é uma Salada Caesar, um espaguete de carne rica e espaguete de cogumelos?
- Sim, e bem você podia pedir para colocar bastante queijo parmesão na minha salda, por favor?
      - Sim, claro! – Disse ele sorridente.
     - Então... – falei meio envergonhada com a falta de assunto.
     - Mich, acho que você já pode nos contar o que ouve. – disse Emma calmamente.
     - Tudo bem, tudo bem. Então, deixe-me ver. Quer que eu seja direta né?
     - Exatamente Mi – Lucas dizia ansioso.
     - Então ta... Houve um acidente dia quinze de fevereiro...
     - Deste ano? – Lucas gritou baixo.
     - Sim, mas calma nada de grave aconteceu com Nicoli. Ela está no hospital...
     - Ela estava no acidente? – precipitou-se Lucas.
     - Calma! Lucas deixe que Mich nos conte! – Ele fechou a cara para Emma.
     - Continuando... Ni está no hospital, vai sair hoje ou amanha. Estava em observação, mas nada de mais. O que aconteceu mesmo de serio foi com minha mãe – parei, suspirei e continuei. – Mamãe estava dirigindo quando perdeu o controle do carro e bateu de frente a um poste. Ela não resistiu e-e – gaguejei.
     - Não precisa continuar – disse Emma me acolhendo, enquanto Lucas estava paralisado. – Lucas não vai ajudar sua cunhada em um momento desses? – Emma estava atordoada com a situação. – Lucas! – Gritou baixo.
     - Desculpe. É que uma notícia dessa numa hora dessas abala. Mich você está bem?
     - Sim obrigada. A pior parte já passou – olhei para meu colo e puis a mão no meu bolso de traz, procurei uma foto, não demorou muito para achá-la, - só tinha dinheiro a foto e um documento – a olhei segurando com força, alguns segundos se passaram e logo me senti bem.
     - Macarrão com cogumelos de quem é? – Perguntou o garçom que havia chegado.
     - Meu, obrigada – Emma falou.
     - O meu e o outro macarrão.
     - Sim – respondeu-lhe o garçom.
     Não precisei dizer-lhe que o meu era a salada, apenas agradeci. Pude perceber um olhar curioso em minhas mãos, Emma.
     - O que é isso?
     - Isso o que? – Fingi não entender escondendo a foto.
     - Essa foto! Não adianta me enganar. Quem é esse loirinho?
     - Não é ninguém!
     - Bom já chega de fofoca de menina! Olha Mich não estou querendo ser chato nem nada, mas me conta como ela está? Como você esta? Você sabe que eu estou aqui para tudo o que precisar!
     Sorri.
     - Obrigada Lucas. Eu estou melhor. Acho que Nick também está, liga para ela mais tarde, e passa lá em casa... Se ela sai hoje... Mas acho que é hoje mesmo.
     - Ligarei... Passarei. – Ele também sorriu e então começamos a comer silenciosamente enquanto eu me perdia em pensamentos apaixonados pelo Philippe.

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