domingo, 16 de maio de 2010

Capitulo Quarto

“Sentia Philippe segurar minha mão quando na verdade não havia ninguém. A imagem se aproximava de um modo apavorante e cada vez mais sentia que havia alguém perto de mim me segurando (...)”


  - Oi maninha! – Gritei ao vê-la de banho tomado e com suas roupas normais no hospital. – Vai em borá hoje! Que bom!
     - Oi maninha... – ela riu -, então vamos sim... Papai está lá em baixo acertando as coisas.
     - É eu cheguei faz uns 5 minutos com o tio Natel.
     - Sinceramente... Natel não é um apelido muito bonito...
     - Mais é mito legal não acha? Inventei agora. Bom, vamos para o que interessa.
     - Tudo bem... O que interessa?
     - Eu estava a uma hora atrás conversando com duas pessoas que se odeiam e uma delas você ama muito...
     - Emma e Lucas!? O que você estava falando com Lucas?
     - Achei que não teria problemas... Avisei-o do acidente. Disse também que você estava ótima, que você sairia hoje ou amanha... E para te ligar. Eli ligou?
     - Não – seu rosto murchou.
     - Ah... ele provavelmente vai ligar daqui apouco! – ela continuou sem sorrir, de certa forma com razão... Eles são incondicionalmente apaixonados, nunca vi casal assim. Com certeza eles se casam. É estranho ele não ter ligado. Imaginei que no momento que ele fosse embora Lucas ligaria... – Philippe! – Disse interrompendo meus pensamentos ao colocar a mão em meu bolso. – Ah não! Esqueci-me completamente. Será que ele veio? Eu ia pegar o contato. Não!
     - Calma maninha! – Nick abria seus braços para mim e eu entrei neles. – Vocês vão se reencontrar!
     - Ni você sabe o tamanho aqui de Victoria? Ele pode morar em qualquer lugar! Ele pode ter vindo aqui para visitar alguém e voltar para onde mora em qualquer lugar do Canadá! – Sabia que estava exagerando com o fato de ele não morar aqui em Victoria, mas podia acontecer não?
     - Pronto desabafo? – Disse Nicoli com um sorriso. – Pare de ser exagerada... E negativa! Pense sempre no melhor. Aposto que vocês vão se reencontrar. E se isso não acontecer você vai esquecer ele. Só espera uma semana ou duas... Relaxe!
     - Mas Ni...
     - Mich. Relaxa!
     - Tudo bem. Mas e se eu não reencontrar ele e não esquecer ele?
     - Lembre-se que eu estou aqui para tudo, e todos os dias nos vamos procurar por ele... Você disse que sabe o sobrenome dele certo? Então agente procura ele!
     - Tudo bem - falei olhando para baixo.
     - Meninas vamos? – De repente meu pai entra no quarto. – O que aconteceu?
     - Nada pai... Estávamos apenas lembrando-nos da mamãe. – Disse eu.
     - É... mas nós temos que superar isso. – Nick parou de falar de repente. E depois voltou falando para mim. - De alguma maneira, nem que demore semanas. – Entendi o duplo sentido.
     Edward fez uma cara estranha depois se voltou a falar.
     - Então vamos, antes que voltemos a ficar como antes.
     - É vamos.
     E então descemos para o térreo onde nos encontramos com Natanael e Susan. Despedimo-nos deles e fomos pegar o carro no estacionamento.
     - Pai, como foi o velório de mamãe? – Perguntei de cabeça baixa enquanto ele manobrava no estacionamento.
     - Triste – percebi a tentativa da piada para tentar descontrair. Mas era perceptível seu não entusiasmo. – Bom como você deve estar imaginando, foi simples e só avisamos para família e amigos íntimos. No colégio dissemos para o diretor não avisar seus amigos. Achei que seria de sua preferência que escolhesse as pessoas certas a dizer.
     - É eu imaginai que seria assim. Obrigada.
     Essa foi a única conversa do carro. E então o silencio tomou conta de nossos corpos e pensamentos. Ao olhar meu pai pelo espelho do retrovisor podia perceber que estava vagando em pensamentos mudos e escuros sobre o passado ou o presente ou o futuro. Minha irmã também vagava apagada pelo tempo, mas com uma preocupação. Lucas.
     Até que o silencio foi quebrado por um som de assovio que saio de meu bolso. Nick pulou no banco. O que me fez rir. Peguei meu celular, uma nova mensagem. Do Lucas? Como assim? Abri-a e li em voz baixa o que dizia.

Mich sua irmã deve ta mal pq n liguei pra ela não eh? Não avisa ela dessa mensagem! Vou ta no quintal dos fundos da sua ksa ok? Disfarça pro seu pai n me vê ok?

Ri da cara de Nicoli ao ver Lucas em casa. Respondi.

ok podexa!

E então continuei quieta no carro até que meu pai parou na garagem. Fui a primeira a sair e fui direto para a porta. Meu pai em seguida, então na hora que Nicoli ia sair gritei.
- Nick pega meu casaco?
- Tudo bem – peguei meu celular na mesma hora e mandei uma mensagem para Lucas.

Meu pai jah subiu to entrando em casa pode vim.

     Sorri e entrei correndo em casa. Subi até meu quarto e abri a janela para olhar o que ia acontecer. Quando coloquei a cabeça para fora, Nicoli já havia o visto corria para seus braços que estavam cheios de rosas brancas e rosas, se beijaram e ela falou alguma coisa ininteligível que Lucas respondeu e então entraram.
     - Pai! Pai! – Gritou Ni – Paaai! – Gritou mais alto.
     - Oi filha! – Disse Edward respondendo.
     - Desce aqui?
     - O que é?
     - Acho que você vai preferir descer!
     - Tudo bem. – Alguns segundos de silencio e de repente.
     - Pai... – o grito era mais baixo, ele deve estar na escada. – Posso da uma volta com o Lucas?
     - Mas você acabou de voltar do hospital...
     - A pai... deixa vai!
     - Tudo bem. Mas ó juízo os dois!
     - Uhu! Beijo valeu pai!
     Nossa como ele foi fácil. Não imaginei que iria deixar tão rápido principalmente essa hora da noite! Fechei a porta de meu quarto e deitei na minha cama. Pensei em ligar o computador mas já era tarde. Lembrei-me então de falar para meu pai que queria ir ao colégio amanha. Levantei-me e fui até seu quarto. Bati na porta e entrei.
     - Pai?
     - Oi filha - ele chorava.
     - É... amanhã gostaria de ir ao colégio...
     - Claro, claro te levarei. Coloque seu despertador.
     - Sim, obrigado.
     Voltei para meu quarto e me troquei, desta vez coloquei um pijama meu. Deitei-me, mas não dormi, eu apenas fiquei pensando no que minha irmã tinha me dito sobre procurarmos Philippe... E se ele não me quisesse mais? Decidi então dormir. Arrumei minha cama do modo como costumava dormir peguei um bichinho de pelúcia – o que eu mais gosto - e me enfiei dentro dos cobertores.

     - Ai! – Falei baixinho para mim enquanto pulava uma serquinha.
     Continuei andando sem rumo em linha reta. Não olhava para traz e nem sabia o motivo. Apenas sabia que eu tinha que ir para lá! Após uma hora andando pude ver alguém. Nossa como parece minha mãe, pensei baixo e continuei andando, mais uns cinco minutos se passaram e a pessoa ia se afastando andando de costas. Resolvi correr.
     - Será que é minha mãe? – Falei franzindo o cenho.
     Ao chegar mais perto percebi que era, mas não estava excitada para vê-la. Como se eu soubesse que ela estaria lá o tempo que eu quisesse e estaria disposta a ficar comigo o tempo que eu quisesse. Agora já estávamos bem próximas, parei de correr e ela de andar. Elizabeth se sentou no chão quente do asfalto e fez um sinal com a mão chamando-me para perto. Sentei ao seu lado.
     Ficamos mudas por um tempo, apenas se olhando e se admirando como se fosse nosso primeiro encontro. Parecíamos tão iguais, como se ela fosse um espelho envelhecido meu.
     - Ah filha! – Falou ela.
     - Mãe!
     - Venha senti-se mais perto. Quero lhe dizer algo importante.
     Sem falar, com ajuda das mãos me levantei e sentei mais próxima dela.
     - Filha, queria lhe dizer uma coisa. Eu acho que é importante que saiba que eu estou bem! Posso não estar mais presente em corpo... – Eliza olhou para baixo esperando um pouco para continuar. – Mas não significa que nós ainda não podemos mais estar juntas. Por favor filha... não quero te ver mal. Quero apenas que faça uma coisa!
     O tempo parou.
     - Quero que você vá atrás dele! Daquela pessoa que você ama. Porque você está entrando em uma faze difícil em sua vida... e ele fará com que você passe por ela com mais sucesso!
     - Sim... claro mãe! Mas o que você quis dizer com faze difícil?...
     - Não é apenas em relação a minha morte. Eu sempre estarei aqui! Em seus sonhos em seus pensamentos...
     Não deu tempo de ela terminar a frase, tudo foi ficando preto e sumindo, até que não se enxergasse mais nada e então voltei ao normal sonho preto e calmo.

     Abri os olhos e joguei minha mão em cima do celular para que a músiquinha parasse de tocar. Joguei uma almofada na minha cara e levantei sentando. Fiquei assim durante algum tempo então peguei meu celular e liguei para meu pai. Deixai que tocasse um pouco e desliguei.
     Levantei da minha cama, e zonza fui até o banheiro. Acendi a luz enquanto fechava os olhos e devagarzinho fui os abrindo até me acostumar com a claridade. Olhei para o espelho e dei de frente com uma menina de olhos verdes borrados de preto por causa da maquiagem e o cabelo meio liso e enrolado. Liguei correndo minha chapinha e peguei um creme para tirar a maquiagem enquanto ela esquentava. Alisei minha franja e deixei o resto do cabelo meio liso meio enrolado – quase enrolado – coloquei em cima do olho um pouco de lápis preto e pronto!
     Troquei de roupa e fui comer, aproveitei e dei uma passada no quarto do meu pai, ele estava vestido com a luz acesa e sentado no quarto – ai, me sinto tão mal de vê-lo assim! Desci as escadas e preparei-me um pão na chapa – algo que não é muito comum aqui no Canadá, mas que minha mãe fazia bastante para mim apôs uma de suas viagens para fora.
     Sentei-me à mesa e comecei a comer pensando no sonho estranho e quase esquecido desta noite. Sorri!... Então ela não quer que eu sofra por ela... é isso? Mas como vou lidar com essa perda?... Tempos difíceis? – pensei me lembrando do que ela havia dito – E o fato de seu falecimento não é o pior? E ela quer que eu o procure... procure Philippe? Sorri novamente com a idéia... Então eu a tenho ao meu lado nesta busca?
     Terminei de comer e subi para escovar meus dentes, novamente ao me olhar no espelho trombei com aquela menina, mas agora não estava com olheiras ou com a maquiagem toda borrada, parecia que seu rosto fazia um formato de ponto de interrogação, algo em meu sonho me deixou na duvida... Ela disse que eu iria passar por tempos difíceis, que algumas coisas ruins iriam acontecer... mas algo em mim dizia-me que era apenas uma. O que seria?
     - Filha já está pronta?
     - Sim, bem quase... Mais cinco minutinhos!
     - Tudo bem...
     Joguei as roupas que estavam em minha mala do colégio na cama desarrumada e coloquei nela meu material e meu livro Lua Nova, sai de meu quarto e fui até o do meu pai, bati três vezes e esperei que ele falasse. Ao invés disso ele saiu mudo e triste de lá me dando um beijo na testa, descemos em silencio e permanecemos assim até a porta de casa.
     - Filha!?
     - Sim...
     - Então, hoje você vai ficar na sua aula à tarde?
     - Sim, acho que sim, se estiver bem.
     - Tudo bem.
     E então voltamos a ficar quietos por um longo tempo, enfim chegamos ao meu colégio me despedi de Edward e entrei. Logo nos primeiros metros que andei o diretor Williams me parou para perguntar-me se estava bem, dei uma resposta rápida disse que não queria falar deste assunto e então me livrei rapidamente dele. Continuei andando e subi até minha sala no primeiro andar, antes mesmo de poder pisar dentro dela três pessoas me agarraram, e me soltaram depois de um quase longo tempo.
     - Mich! – Jú gritou primeiro!
     - Jú! – gritei no mesmo tom para brincar.
     - Você não sabe!
     - Claro que não! Você vai me contar tudo!
     - Sim... mas, você vai me conta primeiro...
     - Vai por mim Jú é melhor que você fale primeiro
     Ela fez uma cara assustada, mas assentiu depois, logo em seguida veio Allan que super preocupado chegou perguntado.
     - Miii! Você ta bem? Porque faltou esses dias? Você nunca falta! Principalmente no começo do ano...
     - Calma Allan! – disse rindo de sua preocupação quase exagerada... – se esse fosse o motivo certo de estar preocupado. – Nada aconteceu! – abri os braços para abraçá-lo, ele retribuiu e então falei baixinho em seu ouvido – depois eu te conto, tudo bem? Mas é muito pessoal para você comentar então fica só entre nós!
     - Claro, sem problema!
     Por ultimo veio Emma me abraçar e perguntou-me se estava bem, e respondi que estava melhor. E então todo mundo começou a conversar e eu pedi para que me deixassem um pouco sozinha para pensar, todos concordaram e foram para seus lugares conversar juntamente como o resto da sala. Cruzei meus braços na mesa e apoiei minha cabeça neles fazendo-os de travesseiros.
     Fiquei uns dois minutos assim, pensado preto, até que uma bela figura apareceu em meus pensamentos clareando o escuro em meu cérebro, senti uma das pontas de meus lábios subir fazendo-me sorrir levemente. Então a porta se abriu e a professora entrou andando um pouco mais rápido do que o normal e pediu para que a sala ficasse quieta e que se sentasse.
     - Michelle, poderia vir aqui por um minuto?
     - Sim professora – respondi sem entender o acontecido.
     Levantei-me devagar e andei até sua mesa mantendo o mesmo ritmo lento de quando me levantei.
     - Michelle, queria avisá-la que fomos informadas sobre o ocorrido. E que a qualquer momento está semana você pode sair da sala quando se sentir mal, e também que vamos contar a ninguém sobre isso?
     - Obrigada Senhora.
     - De nada.
     Vir-me-ei agora num ritmo mais acelerado e fui até minha carteira sentando-me.
     - Professora – Paulette falava ao levantar a mão direita. –, acho que você está um pouco adiantada! Aula começa apenas da que dez minutos. O sinal ainda não tocou e nem todos da sala chegaram ainda.
     - Não se preocupem, todos os professores vão chegar dez minutos mais cedo hoje e como vocês não foram avisados ninguém pode ser deixado para fora da aula por atraso...
     - Se me permitir perguntar... qual o motivo desde adiantamento?
     - Alunos tirem todo o material da mesa deixem apenas lápis caneta e borracha. Peguem uma folha e passem as outras para traz – disse a professora enquanto pegava o numero certo de folha para cada fileira.
     - Prova surpresa não professora! – choramingou Emma e Paulette juntas enquanto a classe reclamava como segunda voz.
     - Calma! Não é prova, mas vale nota! É um concurso e nosso colégio resolveu entrar... vocês terão de fazer um texto de no mínimo quinhentas palavras sobre o que vocês quiserem, o importante é completar as palavras. Esse texto valerá de zero a um ponto na media de cada um de vocês então tratem de escreverem direito! Vocês tem até a terceira aula para acabar!
     - O que ganhamos se passarmos para a final? – perguntei.
     - Os alunos vencedores participaram de um concurso de redação canadense...
     - E quem não quiser participar deste concurso... não precisa escrever o texto né? – agora quem disse foi Lucas, o menino estranho e preguiçoso que sempre arruma encrenca com os professores.
     - E também não precisa ganhar este ponto na média! – depois de ouvir isso ele se calou e o único som que se ouviu brevemente era de algumas risadinhas, todos se curvaram e começaram a escrever.
     “Sobre o que escrever?” pensei primeiramente... “Algo que eu teria muito para escrever” levantei a cabeça e a mão junto.
     - Professora? – perguntei
     - Sim Michelle.
     - Bem... gostaria de saber como deveria escrever o texto.
     - Você diz como um texto narrativo? Ou um texto...
     Uma idéia surgiu em minha mente e a interrompi.
     - Uma história! Um conto! Uma crônica!Pode?
     - Sim, o gênero que você preferir.
     - Obrigada – disse sorrindo enquanto voltava a pensar. Então ao colocar meu lápis B na folha que a professora nos dera
um grande texto foi saindo pelos pequenos pontos do grafite que ao se mover formavam letras que juntas formavam palavras, e com o decorrer do tempo formavam-se lindas frases platonicamente apaixonadas, e ao reler cada folha que escrevia eu sentia cada vez mais que esse amor não era platônico. Era como se ele existisse dos dois lados. Como se dois cegos se amassem e se procurassem pela vida toda e só após da morte percebessem que ele ou ela era seu visinho ou vizinha!
     O primeiro sinal tocou despertando-me da magia que vivia ao escrever este romance, mas não deixei que as baixas conversas me distraíssem e assim com um pouco mais de cinco minutos voltei a minha terra de sonhos.
     “Philippe” pensava incondicionalmente, e cada vez com mais certeza de que um dia nos encontraríamos, e cada vez mais a saudade vagava sozinha em minhas veias e artérias deixando com uma única certeza ao passar no meu coração. Que tudo aqui talvez não passasse de um sonho, um sonho infantil de uma adolescente apaixonada. Mas esses pensamentos não mudaram o rumo do fim de minha história. Apenas o ajudaram a lhe dar um bonito fim. Ou trágico...
     A cada linha que escrevia cada vez mais me aprofundava em meu mundo esquecendo-me completamente do que havia a minha volta. Já chegara a minha segunda folha e não precisei mais de dez minutos para pedir a terceira, era apenas pensar em seu nome que pensamentos escritos de nossos destinos surgiam em minha cabeça – se pelo menos fosse real!
     Então mais trinta minutos se passaram e o segundo sinal tocou, e por mais que eu soubesse que seu ruído fosse alto escutei apenas um leve e suave som. Estava muito presa á meu romance para me despertar com alguma coisa.
     Pedi mais uma folha para a professora que me olhava cada vez mais com os olhos arregalados – de uma forma dava medo, mas sabia que era de surpresa.
     - Sobre o que é este texto Michelle? – perguntou-me ela.
     - É um romance. Uma historia de dois adolescentes que se conhecem de um modo estranho e que se apaixonam. Não sei se está muito bom...
     - Nunca a vi escrever. Isso é comum de você?
     - Sim... – olhei para cima – Bom, não – voltei a olhá-la nos olhos.
     - Sim ou não? – ela estava confusa.
     - Mais ou menos. Nunca me deu vontade de escrever alguma coisa deste tipo. Mas tenho um caderninho que escrevo alguns pensamentos.
     - Hmmm. – disse ela e então voltei a minha carteira. Coloquei a folha em cima das outras cinco e então recomecei a escrever. Estava no final, que definido estava em minha mente. Mas parecia que tinha um louco desejo de algo ruim acontecer, como que se de repente não gostasse mais de finais felizes. Um louco desejo de matá-la!  Continuei a escrever e a escrever. Decidi então que a mataria que faria um triste fim. O tempo passava e eu escrevia, cada vez com mais intensidade, mais vontade. Olhei em meu celular e tinham passados apenas dez minutos dês da ultima vez que pedi a folha, me surpreendi.
     - Professora?
     - Sim?
     - Por favor... mais uma folha. Será a ultima. Prometo!
     - Tudo bem. – disse ela enquanto minhas amigas e os outros me olhavam assustados.
     Levantei-me e fui até sua mesa enquanto ela procurava em sua mesa uma folha de papel de meu colégio. Não achou.
     - Um minuto Michelle, vou pedir para um professor. – Disse ela enquanto se levantava e saia da sala.
     - Mich o que você está escrevendo?
     - Já disse. Uma estória. Um romance...
     - Mas, desde quando você escreve? Eu estou apenas na segunda pagina! E você na sétima! – Disse-me Emma sem entender.
     - Não sei. Simplesmente me veio a estória.
     - Meninas! Voltem para seus lugares! – disse a professora.
     Emma virou-se rapidamente a lousa e voltou a escrever olhando-me de soslaio, enquanto esticava meu braço para pegar a ultima pagina de minha estória. Voltei a minha carteira, sentei-me devagar e coloqueis as folhar em ordem colocando a primeira pagina em ultimo, virada para mesa, enquanto a ultima estava em primeira virada para o teto. Após sete minutos exatos olhei sorridente para a professora que fez um sinal como “Já-terminou?-Traga-o-para-mim.-Quero-lê-lo!” escrevi um fim meio grande no final – obviamente – e então me levantei para entregá-lo a professora. Ela sorriu a pega-lo. Sorri como resposta e fui para meu lugar, peguei meu Ipod e comecei a escutar algumas musicas.
     Estava desligada do mundo, perdida na lua – ou será que era o sono? - até que uma nova batida leve começou a soar em meus fones. “Mamãe!” pensei primeiro “Philippe” em seguida apareceu em meus pensamentos. Uma voz fina e adocicada começou a cantar, palavras belas e sorridentes entravam em minha mente enquanto traduzia a musica, um ritmo acelerado e alto, parecia que meus fones se mexiam conforme a batida. Alguns fleshes em branco e preto apareceram em minha mente, primeiro minha mãe, ela estava na maca do hospital e bem ao lado dela meu pai agachado chorando. Balancei a cabeça rápido para aquela imagem sair de minha mente, mas não deu certo, ela continuou lá, parada me fitando enquanto eu a fitava em pensamentos, a musica continuava e cada vez mais a imagem se aproximava de mim e eu não conseguia me mexer.
     Sentia Philippe segurar minha mão quando na verdade não havia ninguém. A imagem se aproximava de um modo apavorante e cada vez mais sentia que havia alguém perto de mim me segurando. A musica parou de um modo estranho, como se a bateria estivesse acabado – mas como se a carreguei esta noite? – E então a imagem parou devagar. Estava ainda em preto e branco e continuava sem movimentação as pessoas da cena. Como se olhasse para baixo vi meus pés andando e então a imagem começou novamente a se aproximar da mesma maneira estranha com que a musica parou.
     Abri meus olhos, á minha frente à sala toda olhava para mim assustada, não entendi.

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